A Jornada Além do Tempo: Crônicas de uma Vida Moldada pela Distância.
- anselmo santos
- 7 de fev.
- 2 min de leitura

A Prova de que o tempo não existe, mas a distância sim. Uma série de conjunturas favoráveis me proporcionou a realização de uma viagem inigualável, um sonho mais desejado do que qualquer outro, e assim ele se tornou realidade. Em um estágio da vida onde o relógio já não é um senhor temido, com 100% de tempo à minha disposição, decidi embarcar em uma jornada temporal, regressando aos confins do meu passado. Especificamente, à sexta série do ensino médio, um período que permanece inalterado na memória, tanto pelos eventos marcantes quanto pela carência dos mesmos. Com determinação, estabeleci contato com os 42 colegas que partilharam comigo aquela turma, na época do científico, e obtive uma grande adesão para reconstruirmos nossos dias de estudantes. A incrível reviravolta foi a participação voluntária de alguns dos professores, agora com idades bem avançadas mais ainda lúcidos, que também se juntaram à empreitada. O edifício da escola mantinha-se inabalável, até mesmo nas nuances de cores, e assim começou nossa viagem. Por uma reviravolta afortunada, o lar que testemunhou toda minha infância e adolescência estava à venda e eu o adquiri, preservando-o em sua forma original. Adicionalmente, consegui obter uma bicicleta idêntica à que eu possuía e que me levava ao colégio naqueles dias distantes, e meus colegas emularam minhas ações ao buscar elementos semelhantes de suas próprias memórias. No primeiro dia de aula, trilhei o mesmo trajeto, como se nada tivesse mudado, chegando àquela sala de aula que resistia à passagem do tempo, com exceção apenas das marcas biológicas em nossos corpos, que, por sua vez, permaneceram no mesmo estado. O aroma do ambiente era familiar, as conversas, risadas e até mesmo as anedotas contadas ecoavam como antigamente, como se o relógio não tivesse avançado um único segundo. Após a aula, segui o caminho de casa que já havia percorrido mil vezes, e ao chegar à pracinha, adentrei em casa e lá estava minha mãe, o mesmo sorriso e o mesmo carinho preparando o jantar, que naquela época chamávamos o café. Peguei um pedaço de pão como era meu costume, apressadamente, fui me sentar na porta, contemplando o céu adornado pelas mesmas estrelas e o clarão da lua emergindo no horizonte, clareando as mesmas nuvens de carneirinhos, exatamente como fazia nos tempos idos. Foi nesse momento que compreendi a verdade oculta: o tempo não é mais do que uma ilusão, uma abstração que nos distanciamos quando criamos a ausência e moldamos a distância conforme nosso desejo.
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